1972

Tudo começa com o GTE, um grupo de entusiastas que se reuniam na casa paroquial de Nossa Senhora das Estrelas, jovens sonhadores, que pensavam em criar alguma coisa na comunidade em que participavam, assim começa a ser ensaiada a peça: Procurando Tu, dirigida por Osmar e que foi apresentada em dezembro de 1972 no Instituto de Educação Peixoto Gomide, a peça é composta de uma colagem de quadros e arrancou risos da platéia.

Voltando um pouco no tempo, novembro de 1972, começa nos salões do Clube Recreativo Itapetiningano a trajetória do Teatro Experimental de Itapetininga, que busca criar um elenco para a montagem da peça teatral “A CERIMONIA”, peça escrita por um grupo de amantes do teatro, baseada em um texto de Chico de Assis intitulado “Missa Leiga”.

Os trabalhos de seleção do elenco foram realizados sob a direção de José Luiz Ayres Holtz, o Grilo, seu assistente de direção era Ricardo Americano Freire. Um grande numero de jovens procurou essa oportunidade de participar de uma espetáculo teatral, naquela época em Itapetininga, não existiam grupos teatrais, sendo muito difícil para quem tinham interesse em fazer teatro ver concretizado o seu sonho de subir ao palco, por esse motivo, era um momento especial, quando uma equipe resolveu montar um espetáculo teatral apesar da falta de recursos para a realização da peça assim, tiram do próprio bolso o dinheiro para custear a montagem, confiando em reave-lo de alguma forma durante as as apresentações, não foram realizadas vendas de ingresso, o método encontrado foi solicitar doações das pessoas ao final da apresentação.

1973

Em janeiro de 1973 estréia na igreja velha das Estrelas, a peça teatral sendo esse um momento muito especial, pois a nova igreja de Nossa Senhora das Estrelas, já estava em construção, e magicamente, o ultimo suspiro da velha igrejinha foi a realização de um espetáculo teatral, momento muito importante para o movimento cultural de Itapetininga, onde era impossível pensar em produzir uma peça, de forma que foi muito importante o apoio da FETABAS – Federação de Teatro Amador da Baixa Sorocabana, que cedeu apoio e todo o material de luz que foi utilizado no espetáculo pois em Itapetininga não existiam refletores para iluminação cênica

Com o término da temporada, surgem planos para continuidade do trabalho, porem nada consegue ser definido, tendo em vista que desenvolver um trabalho teatral em uma cidade como Itapetininga, já era naquela época um grande desafio, felizmente existem pessoas que sempre estão dispostas a lutar contra a corrente e realizar algo em prol do município, apesar das situações adversas.
O grupo tentou montar duas peças, mas infelizmente não conseguiu concretizar o seu sonho, as peças eram, O Inspetor Geral de Nicolai Gogol e o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, porem em virtude de vários problemas, as coisas acabaram não dando certo e muitas pessoas deixaram o grupo, inclusive o

Diretor. Uma nova fase começa, Ricardo Americano Freire, então assistente de direção, passa a dirigir o grupo que muda de nome para Grupo Experimental de Arte, esse grupo formado pelas pessoas que ficaram após os contratempos, começa a montar a peça teatral Mirandolina de Carlo Goldoni, após alguns meses de trabalho e busca de apoio, a peça estreia, uma produção complicada, um grande cenário, moveis construídos para o espetáculo, um figurino bem tratado, todos esse cuidados fazem de Mirandolina, um grande sucesso, apresentado em vários locais da cidade, Instituto de Educação Peixoto Gomide, Clube Recreativo Itapetiningano, e cidades da região. O grande apoio de Mirandolina, vem da Prefeitura Municipal de Itapetininga, através do Assessor de Cultura que então era o conhecido Dr. Baroni, ele ficou sensibilizado com a vontade de trabalho daquele grupo e nos deu apoio para a montagem. Como o grande apoiador era a Prefeitura, nossa estreia foi em um encontro de Prefeitos na cidade de Ribeirão Branco, para lá o espetáculo foi enviado como presente da Prefeitura de Itapetininga para o encontro, que saudade de um tempo onde o valor da Produção Cultural fez um Prefeito, Darcy Pereira de Moraes, considerar importante oferecer um mimo aos Prefeitos que se reuniam e esse mimo, nas mais era do que mostrar a produção cultural do seu município, bons tempos. A situação sob as quais tivemos que montar os cenários, fizeram com que um grande vento destruísse nossos cenários na tarde da apresentação, faltando apenas algumas horas, o grupo todo se empenho para recuperar o que havia sido danificado e a noite a estreia aconteceu e os aplausos vieram. Nesse dia o destino colocou o grupo diante de um Itapetininga-SP que então era Diretor da escola em Ribeirão Branco e tornou-se um grande amigo, Hugo Sacco que nos recebeu maravilhosamente em sua escola e ficou em nosso coração, outra memorável apresentação aconteceu em Taquarituba, o Professor Flavio Godoy de Abreu assistiu ao espetáculo em Itapetininga e nos convidou para uma apresentação em Taquarituba, viajar com Mirandolina não era fácil, a dificuldade da montagem do cenário e da luz faziam com que uma equipe tivesse que se deslocar para o município um dia antes da apresentação e ficasse um dia depois para desmontar o material, Mirandolina ficou como um marco da produção cultural de nosso município. Muitas histórias resultaram da montagem e das apresentações de Mirandolina, momentos de alegria e carinho, em Taquarituba, estivemos hospedados na casa de uma senhora, que nos tratou como filhos, o café da manhã, que nunca mais saiu de nossa lembrança, era um banquete. Ainda guardo com carinho a imagem de uma menina, com seus 6 ou 7 anos, se chamava Monica, que foi assistir ao espetáculo, no outro dia foi ao local acompanhar a desmontagem do material, ficou encantada com a personagem do Marques de Forlipopoli, só me chamava pelo nome da personagem, quanto estávamos saindo com o caminhão, ainda pude ouvir seu grito. - tenha cuidado na viagem Marques. porem a vida das pessoas muda de rumo e o grupo por uma serie de fatores foi desfeito, o Diretor muda da para São Paulo com sua família e parece que as coisas ficam sem solução

1974

Uma nova fase começa e novas pessoas passam a fazer parte do grupo que novamente muda de nome e passa a ser chamado de Teatro Amador de Itapetininga, assim o grupo começa a se empenhar na montagem da peca teatral O Pirata de Jurandir Pereira, ainda estamos no período da ditadura militar e do famigerado serviço de censura federal, para montar um espetáculo, um complicado processo de autorizações tem que ser cumprido, ate que o grupo possa ter o certificado de censura que deve ser apresentado para as autoridades na portaria do local de apresentação, dois membros do grupo partem para São Paulo, afim de conseguir com o Escritor Jurandir Pereira a devida autorização para montagem da peça teatral “O Pirata”, ousadia e vontade de criar alguma coisa, a viagem é um passo importante, quem somos nós um pequenos grupo de pessoas, querendo fazer teatro em uma cidade do interior, dirigidos por uma criança pois estamos no começo do ano de 1974, e eu que dirigia o grupo tinha apenas 16 anos e um sonho de realizar um trabalho, me acompanhava um entusiasta, apaixonado pelo palco, Flavio Vendramini. Lá fomos nós, primeiro até a SBAT, sociedade Brasileira de Autores Teatrais, um suntuoso prédio na av. Ipiranga, obtivemos informações que nos levaram até a casa do autor, para solicitar a ele que liberasse o pagamento dos direitos autorais, para que pudessemos montar o espetáculo, pois de outra forma o grupo não teria como arcar com essa despesa. Fomos muito bem recebidos pelo autor, que fez o que pode para atender nossas solicitações. Uma grande aventura, a primeira de muitas que viveríamos em busca de nosso sonho.

 

Após O Pirata, que morreu na praia, pois, foi ensaiada por algum tempo e com a saída de alguns atores o trabalho ficou inacabado, já com cenários e figurinos prontos. Partimos então para a montagem de uma colagem de textos, que chamou, Revoluções, essa peça foi apresentada em escolas de nossa cidade e reunia textos de momentos importantes de questionamento da história da humanidade, revolução francesa, inconfidencia mineira, etc... Em revoluções uma das historias

Marcantes foi um amplificador de som, que era de propridade do sonoplasta, cujo nome era Colemar, esse aplificador todo cheio de válvulas, a mãe do transistor, não tinha caixa, quando era ligado, iluminava mais o palco, que a nossa pouca iluminação, realmente, parecia uma cidade.

Bom lembrar que nesse período material técnico era uma coisa rara, nos virávamos com o que estava à nossa mão, cada um trazia coisas de casa e o mais, eram adapaçoes, gambiarras, termo usado para caracterizar esse tipo de arrumação.